27 fevereiro 2010

ETAPAS DA JORNADA (7)

Texto extraído do Livro "A Jornada do Escritor" de Christopher Vogler.

7. Aproximação da Caverna Oculta

Finalmente, o herói chega à fronteira de um lugar perigoso, às vezes subterrâneo e profundo, onde está escondido o objeto de sua busca. Com freqüência é o quartel-general do seu maior inimigo, o ponto mais ameaçador do Mundo Especial, a Caverna Oculta. Quando o herói entra nesse lugar temível, atravessa o segundo grande limiar. Muitas vezes, os heróis se detêm diante do portão para se preparar, planejar e enganar os guardas do vilão. Essa é a fase da Aproximação.
Na mitologia, a Caverna Oculta pode representar a terra dos mortos. O herói pode ter que descer aos infernos para salvar a amada (Orfeu) ou a uma caverna para enfrentar um dragão e ganhar um tesouro (Sigurd, nos mitos noruegueses), ou a um labirinto para se defrontar com um monstro (Teseu e o Minotauro).
Nas histórias do ciclo do rei Arthur, a Caverna Oculta é a Capela Perigosa, o aposento ameaçador onde quem busca pode encontrar o Santo Graal.
Na mitologia moderna de Guerra nas estrelas, a Aproximação da Caverna Oculta está representada quando Luke Skywalker e seus companheiros são sugados para dentro da Estrela da Morte, onde vão enfrentar Darth Vader e libertar a princesa Leia. Em O Mágico de Oz, é quando Dorothy é levada para o castelo funesto da Bruxa Malvada e seus companheiros conseguem entrar para salvá-la. O título de Indiana Jones e o Templo da Perdição já revela qual é a Caverna Oculta do filme.
A aproximação compreende todas as etapas para entrar na Caverna Oculta e enfrentar a morte ou o perigo supremo.

26 fevereiro 2010

ETAPAS DA JORNADA (6)

Texto extraído do Livro "A Jornada do Escritor" de Christopher Vogler.

6. Testes, Aliados e Inimigos

Uma vez ultrapassado o Primeiro Limiar, o herói naturalmente encontra novos desafios e Testes, faz Aliados e Inimigos, e começa a aprender as regras do Mundo Especial.
Saloons e bares parecem ser bons lugares para essas transações. Muitos e muitos filmes de faroeste levam o herói a um saloon, onde sua coragem e determinação são testadas, e onde amigos e vilões são apresentados. Os bares também são úteis para que o herói obtenha informações e aprenda as novas regras que vigoram no Mundo Especial.
Em Casablanca, o Rick's Café é o antro das intrigas em que se forjam as alianças e as inimizades, e em que o caráter moral do herói é constantemente testado. Em Guerra nas estrelas, a cantina é o cenário de uma aliança fundamental com Han Solo, e de uma importante rivalidade com Jabba, o Hutt, que vai à forra, dois filmes depois, em O retorno de jedi. É nessa atmosfera surreal, violenta e estonteante da cantina, repleta de aliados bizarros, que Luke tem o primeiro gostinho do Mundo Especial empolgante e perigoso em que acaba de entrar.
Cenas como essa permitem que se faça o desenvolvimento de personagens, enquanto observamos como o herói e seus companheiros reagem à tensão. Na cantina de Guerra nas estrelas, Luke tem a chance de ver como é que Han Solo lida com uma situação difícil, e fica sabendo que Obi Wan é um sábio guerreiro, de muito poder.
Existem seqüências semelhantes em A força do destino, mais ou menos a essa mesma altura do filme, em que o herói faz aliados e inimigos, e encontra seu "interesse amoroso". Vários aspectos do personagem do herói — agressividade e hostilidade, vivência de brigas de rua, atitudes em relação às mulheres — se revelam sob pressão nessas cenas, uma das quais, é claro, acontece num bar.
Evidentemente, nem todos os Testes, Alianças e Inimizades ocorrem em bares. Em muitas histórias, como O Mágico de Oz, são simplesmente encontros no caminho. Nesse estágio, ao longo da Estrada dos Tijolos Amarelos, Dorothy adquire os companheiros Espantalho, Homem de Lata e Leão Medroso, e faz inimigos, como um pomar cheio de árvores falantes agressivas. Passa por alguns testes, como o de despregar o Espantalho, lubrificar o Homem de Lata e ajudar o Leão Medroso a lidar com o medo.
Em Guerra nas estrelas, os Testes continuam após a cena da cantina. Obi Wan ensina a Luke sobre a Força, fazendo com que ele lute de olhos vendados. As anteriores batalhas a laser, contra os guerreiros imperiais, são outro teste pelo qual Luke passa com êxito.

25 fevereiro 2010

ETAPAS DA JORNADA (3, 4 e 5)

Texto extraído do Livro "A Jornada do Escritor" de Christopher Vogler.

3. Recusa do Chamado (o Herói Relutante)

Agora é a hora do medo. Com freqüência, o herói hesita logo antes de partir em sua aventura, Recusando o Chamado, ou exprimindo relutância. Afinal de contas, está enfrentando o maior dos medos — o terror do desconhecido. O herói ainda não se lançou de cabeça em sua jornada, e ainda pode estar pensando em recuar. É necessário que surja alguma outra influência para que vença essa encruzilhada do medo — uma mudança nas circunstâncias, uma nova ofensa à ordem natural das coisas, ou o encorajamento de um Mentor.
Nas comédias românticas, o herói pode relutar em se deixar envolver (talvez devido à dor causada por uma relação anterior). Numa história de mistério, o detetive pode não aceitar o caso no primeiro momento — e só depois, pensando melhor, mudar de idéia.
A essa altura, em Guerra nas estrelas, Luke recusa o Chamado à Aventura que lhe faz Obi Wan, e volta para a fazenda dos tios, onde descobre que eles foram atacados pelas tropas do Imperador. De repente, Luke não hesita mais e fica ansioso para sair em sua busca. O mal causado pelo Império passou a ser uma questão pessoal. E ele fica motivado.


4. Mentor (a Velha ou o Velho Sábio)

Nesse ponto, várias histórias já apresentaram um personagem como Merlin, que é o Mentor do herói. A relação entre Herói e Mentor é um dos temas mais comuns da mitologia, e um dos mais ricos em valor simbólico. Representa o vínculo entre pais e filhos, entre mestre e discípulo, médico e paciente, Deus e o ser humano. O Mentor pode aparecer como um velho e sábio mago (Guerra nas estrelas), um sargento-instrutor exigente (A força do destino), ou um velho treinador de boxe rabugento (Rocky: Um lutador). Na mitologia de "The Mary Tyler Moore Show", era Lou Grant. Em Tubarão, é o personagem ríspido de Robert Shaw, que sabe tudo sobre tubarões.
A função do Mentor é preparar o herói para enfrentar o desconhecido. Pode lhe dar conselhos, orientação ou um equipamento mágico. Obi Wan, em Guerra nas estrelas, dá a Luke a espada de luz do pai dele, que será necessária nas batalhas contra o lado negro da Força. Em O Mágico de Oz, a Bruxa Glinda orienta Dorothy e dá a ela os sapatinhos de rubi que acabam levando a menina de volta para casa.
Entretanto, o Mentor só pode ir até um certo ponto com o herói. Mais adiante, o herói deve ir sozinho ao encontro do desconhecido. E, algumas vezes, o Mentor tem que lhe dar um empurrão firme, para que a aventura possa seguir em frente.


5. Travessia do Primeiro Limiar

Finalmente, o herói se compromete com sua aventura e entra plenamente no Mundo Especial da história pela primeira vez — ao efetuar a Travessia do Primeiro Limiar. Dispõe-se a enfrentar as conseqüências de lidar com o problema ou o desafio apresentado pelo Chamado à Aventura. Este é o momento em que a história decola e a aventura realmente se inicia. O balão sobe, o navio faz-se ao mar, o romance começa, o avião levanta vôo, a espaçonave é lançada, o trem parte.
Freqüentemente, os filmes são construídos em três atos, que podem ser vistos como uma representação de:
a. o herói decide agir;
b. a ação propriamente dita;
c. as conseqüências da ação.
O Primeiro Limiar marca a passagem do primeiro para o segundo ato. Tendo dominado seu medo, o herói resolveu enfrentar o problema e partir para a ação. Acaba de partir em sua jornada, e não pode mais voltar atrás.
É esse o momento em que Dorothy inicia sua caminhada pela Estrada dos Tijolos Amarelos. Axel Foley, o herói de Um tira da pesada, resolve desafiar a ordem do chefe e deixa seu Mundo Comum de Detroit para investigar o assassinato do amigo no Mundo Especial de Beverly Hills.

24 fevereiro 2010

ETAPAS DA JORNADA (1 e 2)

Texto extraído do Livro "A Jornada do Escritor" de Christopher Vogler.

"(...)Os estágios da Jornada do Herói podem ser traçados em todo tipo de história, e não apenas nas que mostram aventuras e uma ação física "heróica". O protagonista de toda história é um herói de uma jornada, mesmo se os caminhos que segue só conduzirem para dentro de sua própria mente ou para o reino das relações entre as pessoas(...)"

1. Mundo Comum

A maioria das histórias desloca o herói para fora de seu mundo ordinário, cotidiano, e o introduz em um Mundo Especial, novo e estranho. É a conhecida idéia de "peixe fora d'água", que gerou inúmeros filmes e espetáculos de TV (O fugitivo, A família Buscapé, A mulher faz o homem, Na corte do rei Arthur, O Mágico de Oz, A testemunha, 48 horas, Trocando as bolas, Um tira da pesada etc).
Bom, mas se você vai mostrar alguém fora de seu ambiente costumeiro, primeiro vai ter que mostrá-lo nesse Mundo Comum, para poder criar um contraste nítido com o estranho mundo novo em que ele vai entrar.
Em A testemunha, primeiro se vê a vida do policial urbano e da mãe e filho, da seita dos Amish, em seus mundos normais, antes que eles sejam revirados e jogados em ambientes completamente estranhos: os Amish esmagados pela grande cidade, e o policial encontrando o mundo dos Amish no século XIX. Também em Guerra nas estrelas, primeiro vemos o herói Luke Skywalker, morto de chateação em sua vidinha na fazenda, e só depois lançado para enfrentar o universo.
Da mesma forma, em O Mágico de Oz, dedica-se um tempo considerável para estabelecer como é a vidinha normal e sem graça de Dorothy no Kansas, antes que ela seja carregada pelo furacão até o mundo maravilhoso de Oz. Nesse caso, o contraste é acentuado pelo fato de as cenas do Kansas serem filmadas num preto-e-branco severo, enquanto as cenas em Oz chegam em Technicolor.
A força do destino esboça um contraste nítido entre o Mundo Comum do herói — o de um garoto rude, com seu pai beberrão e mulherengo — e o Mundo Especial em que o herói entra, uma escola de aviação aeronaval, onde tudo tem que ser meticulosamente exato e imaculadamente limpo.

2. Chamado à Aventura

Apresenta-se ao herói um problema, um desafio, uma aventura a empreender. Uma vez confrontado com esse Chamado à Aventura, ele não pode mais permanecer indefinidamente no conforto de seu Mundo Comum. Pode ser que a terra esteja morrendo, como nas histórias do rei Arthur em busca do Santo Graal, o único tesouro capaz de curar a terra ferida. Em Guerra nas estrelas, o Chamado à Aventura vem da desesperada mensagem holográfica enviada pela princesa Leia ao velho sábio Obi Wan Kenobi, que pede a Luke para aderir à busca. Leia foi levada pelo malvado Darth Vader, como a deusa grega da primavera, Perséfone, seqüestrada para o mundo subterrâneo por Plutão, o senhor dos mortos. Sua salvação é vital para restaurar o equilíbrio normal do universo.
Em muitas histórias de detetive, o Chamado à Aventura é o pedido para que o detetive aceite investigar um novo caso e solucionar um crime que perturbou a ordem das coisas. Um bom detetive deve corrigir o erro, além de resolver um crime.
Em enredos de vingança, o Chamado à Aventura muitas vezes é um mal que deve ser reparado, uma ofensa contra a ordem natural das coisas. Em O conde de Monte Cristo, Edmond Dantes é aprisionado injustamente e levado à fuga por seu desejo de vingança. O enredo de Um tira da pesada parte do assassinato do melhor amigo do herói. Em Rambo: Programado para matar, a motivação de Rambo é o tratamento injusto que recebe nas mãos de um xerife intolerante.
Nas comédias românticas, o Chamado à Aventura pode ser o primeiro encontro com alguém especial, mas irritante, que o herói ou a heroína passa a perseguir e enfrentar.
O Chamado à Aventura estabelece o objetivo do jogo, e deixa claro qual é o objetivo do herói: conquistar o tesouro ou o amor, executar vingança ou obter justiça, realizar um sonho, enfrentar um desafio ou mudar uma vida.
O que está em jogo, muitas vezes, pode ser expresso por uma pergunta que, de certa forma, é feita pelo próprio chamado. Será que E.T. (ou Dorothy, em O Mágico de Oz) conseguirá voltar para casa? Conseguirá Luke salvar a princesa Leia e derrotar Darth Vader? Em A força do destino, será que o herói vai ser expulso da escola aeronaval, devido a seu egoísmo e à implicância de um instrutor exigente, ou será que ele vai acabar conquistando o direito de ser chamado de oficial e cavalheiro? O rapaz conhece a garota, mas será que consegue ficar com ela?

23 fevereiro 2010

A JORNADA DO ESCRITOR


Bom dia!

Hoje vou compartilhar com vocês meu primeiro aprendizado com a Monica Berger, extraído do Livro "A Jornada do Escritor" de Christopher Vogler, que eu indico como leitura inicial para todos que pretendem seguir escrevendo.

Christopher Vogler é um roteirista de Hollywood, famoso por ter escrito o "memorando The Writer's Journey: Mythic Structure For Writers" (A Jornada do Escritor: Estrutura Mítica para Roteiristas), como um guia interno para os roteiristas dos estúdios Walt Disney. Trabalhou para os estúdios Disney, Fox 2000 Pictures, e para a Warner Bros sempre nos departamentos de desenvolvimento de idéias. Também já foi professor da Escola de Cinema e Televisão da Universidade do Sul da Califórnia, na Divisão de Animação e Artes Digitais, bem como na extensão da UCLA. Atualmente, é presidente da empresa Storytech.
Vogler foi inspirado pelo trabalho do antropólogo Joseph Campbell, particularmente "O Herói de Mil Faces" e o conceito do monomito. Ele usou o trabalho de Campbell para criar o agora lendário memorando corporativo de sete páginas para roteiristas de Hollywood, "A Practical Guide to The Hero With a Thousand Faces" (Um Guia Prático para o Herói de Mil Faces). Depois desenvolveu o memorando no livro "The Writer's Journey: Mythic Structure For Writers" (A Jornada do Escritor: Estrutura Mítica para Roteiristas), publicado no final dos anos 1990.

O livro A Jornada do Escritor, de Christopher Vogler, busca enumerar ao leitor todas as etapas de construção de personagens e situações necessárias para se escrever uma boa história. As etapas da jornada são construídas a partir da estrutura “início – meio – fim”.

1o. Ato
1. Mundo Comum
2. Chamada à aventura
3. Recusa do chamado
4. Encontro com o mentor

2o. Ato
5. Travessia do Primeiro Limiar
6. Testes, aliados, inimigos
7. Aproximação da Caverna Oculta
8. Provação
9. Recompensa

3o. Ato
10. Caminho de volta
11. Ressurreição
12. Retorno com o elixir

Amanhã, mais detalhes!!!

22 fevereiro 2010

DICAS DE CRIAÇÃO LITERÁRIA

Bom dia pessoas!

Como prometi, a partir de hoje também estarei postando aqui no blog algumas dicas de criação literária para novos autores.

A primeira dica é bem básica: se você tem interesse em aprofundar-se na arte da escrita e aprender mais desse ofício você deve procurar oficinas ou cursos de criação literária em sua própria cidade através dos órgãos pertinentes: Fundação Cultural, Secretaria da Cultura, Universidades, etc...

Aqui em Curitiba-PR estão sendo oferecidas 17 oficinas de vários temas e contemplando vários estilos (dramaturgia, crônicas, poesia, contos, romance, etc),todas gratuitas, através da Fundação Cultural de Curitiba (FCC). Até o dia 12 de março ainda podem ser efetuadas inscrições.

Vou participar de duas: Mito e Literatura com a Mônica Berger que acontece quinzenalmente, nos sábados à tarde na Casa de Leitura Augusto Stresser (Parque São Lourenço) e a de Narrativas Longas(Romance/Novela) com o Paulo Sandrini, também quinzenalmente nas terças à noite no Palacete Wolf (Largo da Ordem).

Nós, autores, escrevemos muito pelo impulso dos sentimentos e da criatividade, porém também é necessário algum conhecimento teórico para que possamos dar à nossos leitores textos com cada vez mais qualidade literária.

Um grande abraço.

18 fevereiro 2010

RECOMEÇO

Bom pessoal, como devem ter percebido, o blog foi reformulado.
Explico: antes me dedicava mais a escrever sobre meus sentimentos
pessoais em forma de poesias, músicas, devaneios... Agora esse espaço será
destinado à falar sobre literatura, sempre com dicas para novos autores.

Para continuar com as poesias criei outro blog, que vocês podem acessar:

http://palavrascomacucar.blogspot.com

Tenho certeza que vão gostar!

Lá é um espaço para nós nos distrairmos e fazermos o que dá na telha.
Aqui, o papo é mais profissional!!! hehehe

Beijos e paz!





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