04 abril 2010

RILKE, CARTAS 5 E 6

Na carta 5 de 29 de outubro de 1903, Rilke apenas descreve sua mudança para a cidade de Roma e se compromente a escrever outra carta maior ao seu amigo, por isso vamos direto para a carta 6, mais uma das cartas do grande poeta para nossa apreciação. Data: 23 de dezembro de 1903, e continua sendo atual para nós...

"Existe apenas uma solidão, e ela é grande, nada fácil de suportar. Acabam chegando horas em que quase todos gostariam de trocá-la por uma união qualquer, por mais banal e sem valor que seja, trocá-la pela aparência de uma mínima concordância com o próximo, mesmo que com a pessoa mais indigna... No entanto, talvez sejam justamente essas as horas em que a solidão cresce, pois o seu crescimento é doloroso como o de um menino e triste como o início da primavera. Mas isso não deve confundí-lo, O que é necessário é apenas o seguinte: solidão, uma grande solidão interior. Entrar em si mesmo e não encontrar ninguém durante horas, é preciso conseguir isso. Ser solitário como era quando criança, quando os adultos passavam pra lá e pra cá, em coisas que pareciam importantes e grandiosas, porque esses adultos davam a impressão de estarem ocupados e porque a criança não entendia nada de seus afazeres. E, um dia percebem que suas ocupações são mesquinhas, que suas profissões são enrijecidas e não estão mais ligadas à vida(...)"

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